quinta-feira, 24 de março de 2016

ONU: educação e saúde reprodutiva para meninas beneficiam toda a sociedade


Quanto mais tempo meninas permanecem na escola, mais seus salários aumentam e mais elas investem em suas famílias, gerando efeitos positivos em toda a sociedade, segundo autoridades das Nações Unidas e especialistas reunidos em evento organizado pelo UNFPA e pela ONU Mulheres em Nova York.

Investir em educação, saúde e direitos reprodutivos das meninas garante um desenvolvimento sustentável para todos, de acordo com autoridades das Nações Unidas, representantes governamentais, especialistas e jovens mulheres que se reuniram no início deste mês em um evento na sede das ONU em Nova York.

Estudos mostram que quanto mais tempo as meninas permanecem na escola, maiores salários elas obtêm no futuro e menores são as famílias que escolhem ter. Cada ano de escola secundária aumenta o salário futuro das meninas em mais de 20%, e quando mulheres e meninas recebem salário, elas reinvestem 90% dos recursos em suas famílias – duas ou três vezes mais que os homens.

Falando durante evento organizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pela ONU Mulheres, o vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, disse que não deveria ser um “ato de coragem” ir à escola, mas, em muitas partes do mundo, as meninas arriscam suas vidas para isso.

“Uma menina não deveria ser forçada a se casar tão jovem, quando nem seu corpo está pronto para a reprodução. Mas muitas são forçadas a se casar quando, na verdade, deveriam estar estudando”, disse Eliasson. “Adolescentes nunca deveriam entrar em guerras. Mas sabemos que, em conflitos, as meninas são estupradas com a intenção de humilhar, desmoralizar e quebrar toda a comunidade”, completou.

Eliasson disse ainda que meninas que sofrem com pobreza, casamento prematuro, mutilação genital, abusos e outras formas de violação detêm um grande potencial para o progresso de seus países e do mundo, lembrando que a ONU tem um mandato para igualdade de gênero desde o dia em que foi fundada.

“As linhas iniciais de nossa Carta nos compromete com ‘direitos iguais para homens e mulheres’”, disse. “E agora temos um novo e monumental impulso para a igualdade com a Agenda 2030”, declarou.

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que englobam essa agenda, trazem o compromisso da comunidade internacional em dar às meninas as oportunidades que merecem em sua trajetória para a vida adulta. Eles têm como meta garantir acesso a informações sobre saúde sexual e reprodutiva, assim como a serviços para prevenir gravidez indesejada e interromper a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis.

“Complicações na gravidez ou no parto são uma das principais causas de mortes entre meninas com idade entre 15 e 19 anos”, disse a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka. “Meninas que foram alvo de mutilação genital são especialmente vulneráveis a complicações no parto.”

A diretora-executiva acrescentou que a ONU Mulheres chamou todos os países a repelir leis discriminatórias que criem barreiras no acesso de mulheres e meninas a educação, saúde, trabalhos decentes e salários igualitários.

“Investimentos em infraestrutura (são necessários) para que as meninas não tenham que faltar à escola para buscar água potável ou lenha, ou para necessidades de higiene que não são atendidas nas próprias escolas”, afirmou.

De acordo com o UNFPA, existem atualmente 600 milhões de meninas com necessidades específicas, desafios e aspirações, para as quais o bem-estar é fundamental para atingir objetivos econômicos e sociais.

Grace Gyimah-Boaten, uma ganense convidada para falar no evento, disse hoje ser médica por ter crescido em um ambiente favorável que lhe permitiu desenvolver-se. “Infelizmente, esse não é o caso de milhões de outras adolescentes, e precisamos mudar isso”, afirmou, acrescentando não haver mais tempo a perder.

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